BIOGRAFIA
Ayrton Senna da Silva Ayrton Senna da Silva nasceu à 1h e 15 min do dia 21 de março de 1960 na Maternidade de São Paulo e era o segundo filho do casal Milton da Silva e Neide Senna da Silva. Foi, inclusive, seu pai quem construiu o primeiro kart, quando ele tinha apenas 4 anos de idade. Começava, aí, uma das mais brilhantes carreiras do automobilismo mundial. Ayrton tornou-se um ídolo em todo o mundo e, para nós brasileiros, um herói, um motivo de orgulho sempre que exibia nossa bandeira após mais uma de suas brilhantes vitórias. Senna ganhou títulos, mas não perdeu a humildade e nunca deixou de ajudar seus semelhantes. Prova disso são as instituições de caridade que ele ajudava com doações, exigindo apenas que isso não fosse divulgado. Ayrton, embora muito novo, já reclamava que seu kart era muito lento. Seu pai, após saber que o pequeno Senna já trocava as marchas do trator na fazenda sem usar a embreagem, resolveu dar-lhe um kart de verdade aos 7 anos de idade. Sua paixão pelo carro era tão grande que, depois das aulas, o motorista da família o levava para treinar numa pista junto ao Parque do Anhembi, perto de sua casa. Como sua intenção era participar de campeonatos, ele começou a treinar no kartódromo de Interlagos. Aos 8 anos Senna participava de sua primeira corrida num balneário em São Paulo. A corrida era contra pilotos de 18 a 20 anos e o grid de largada seria definido por sorteio. Cada um tiraria de um capacete um papel com um número correspondente à posição de largada. Por ser o mais jovem, Ayrton foi o primeiro a retirar o papel, e, adivinhe, ele tirou o número .......... 1. Em sua primeira corrida ele já largaria na pole position, que seria a marca maior do arrojo e precisão que sempre o acompanharam. Na corrida, Senna era muito mais leve que os outros e manteve-se, assim, por quase toda a prova em primeiro. A 3 voltas do final, um kart tocou-o por trás e ele capotou. Primeira prova, primeira pole e primeira capotagem. Nada mau para um garoto de apenas 8 anos ! Devido ao limite mínimo de 13 anos da época para pilotar um kart, Ayrton teve que esperar até 1973 para estrear oficialmente nas competições. Era dia 1° de julho e Senna obteve sua primeira pole e a primeira vitória oficiais, muito à frente do 2° colocado. À partir daí ele não parou mais de colecionar glórias e títulos. Foi por diversas vezes Campeão Paulista, Brasileiro e Sul Americano e por duas vezes (1979 e 1980) foi Vice Campeão Mundial de kart. Contra a vontade do pai, Senna largou a Faculdade de Administração de Empresa da Faap (SP) e foi para a Inglaterra em busca de novos desafios e mais títulos e, claro, realizar seu sonho de ser piloto de Fórmula 1. Senna assinou contrato com Ralph Firman, dono da fábrica Van Diemen, para a temporada de 1981 de Fórmula Ford 1600. Na primeira corrida ( 1°/ 3 / 81 ) Ayrton da Silva, como era conhecido então, chegou a andar em 4°, mas foi ultrapassado por seu companheiro de equipe e terminou em 5° lugar no autódromo de Brands Hatch. A primeira vitória viria em 15 / 3 / 81, sob forte chuva (outra de suas marcas registradas durante a carreira), também em Brands Hatch. Foram, no total, 12 vitórias, 5 segundos lugares, 3 poles e 10 melhores voltas (em 20 provas) e, claro, o título da Fórmula Ford 1600. Em 1982 Senna participou de dois campeonatos simultaneamente: o inglês e o europeu de Fórmula Ford 2000. Seu carro era um Van Diemen da equipe Rushen Green Racing. Senna venceu os dois campeonatos, fulminando seus adversários. Foram 21 vitórias, 2 segundos lugares e 4 abandonos em 27 provas, somando, também, 15 poles e 24 melhores voltas. Ainda em 82 Senna participou de outras 2 corridas: em Oulton Park ele venceu o "Celebration Day", com um Sunbeam Talbot Ti (também fez a melhor volta) e estreou em novembro na Fórmula 3 em Thruxton, vencendo com um Ralt Toyota RT3. Ayrton totalizou em 1982, 23 vitórias em 29 provas, ou seja, venceu 80% de suas corridas (!) A temporada de 1983, na Fórmula 3 com a equipe West Surrey Racing acabou sendo a mais difícil até então. Senna encontrou em Martin Brundle (depois seu rival na F 1) um adversário à sua altura e teve que por em prática toda sua habilidade e contar com a sorte em alguns momentos. Mas no final Ayrton comemorou mais uma vez o título após 12 vitórias (sendo 9 seguidas, um recorde só batido em 1995), 2 segundos lugares, 16 poles e 3 acidentes com Brundle em 21 corridas. Foi nessa época que, devido às suas 9 vitórias em Silverstone em 3 anos, o autódromo passou a ser chamado de ‘Silvastone’, em referência a seu sobrenome. No final do ano, Senna participou do tradicional GP de Macau, vencendo a prova. O ano de 1983 marcou o primeiro teste de Ayrton Senna com um carro de Fórmula 1. Senna foi convidado por Frank Williams para pilotar um de seus carros e, nas 81 voltas que deu no circuito de Donington (19 / 7 / 83), bateu o recorde da pista ! Após as 3 temporadas de sucesso (48 vitórias em 72 provas, 67%), Ayrton começou a receber propostas de alguma equipes de Fórmula 1, inclusive a McLaren, que lhe daria muitas glórias anos mais tarde. Senna foi sondado, também, pela Brabham e disse, tempos depois, que só não foi contratado pela então campeã do mundo devido a um veto de Nélson Piquet. Surgiu aí a briga entre os dois que durou até sua morte. Ayrton acabou assinando com a Toleman e estreou no GP Brasil em 25 / 3 / 84 , largando em 16° , mas, para sua frustração, abandonou logo no início. Seu primeiro ponto veio na corrida seguinte, em Kyalami. O primeiro show de Senna na F 1 aconteceu a 3 de junho no GP de Mônaco, quando ele largou na 13¦ posição e cruzou a linha de chegada na primeira volta já em nono lugar, debaixo de muita chuva. Na 7¦ volta estava em 7° e após 30 voltas alcançava a segunda posição. Duas voltas depois, quando se aproximava para ultrapassar o líder Alain Prost, o diretor da prova Jackie Icxy encerrou a corrida, o que foi considerado na época uma ajuda a Prost. Anos depois Senna diria que o melhor para ele foi a interrupção da prova "pois, se a corrida continuasse, eu passaria por ele e poderia bater cinco voltas depois. Assim tive mais publicidade do que se tivesse ganho." Ayrton terminou sua primeira temporada em 9° lugar com 13 pontos. Um fato interessante sobre esta corrida em Monte Carlo é que, quando a prova é interrompida antes da metade das voltas previstas, cada piloto recebe apenas metade dos pontos a que teria direito. Assim, Prost recebeu apenas 4,5 pontos (na época a vitória valia 9 pontos). Caso a corrida tivesse as 79 voltas e Prost terminasse em segundo (com Senna o ultrapassando), Alain marcaria 6 pontos, isto é, 1,5 a mais. Detalhe: neste ano ele perdeu o título para Niki Lauda por apenas 0,5 ponto. Senna ganharia sua primeira corrida e Prost, ao final do ano, seu primeiro título. Pela primeira vez (de muitas) Ayrton atrapalhava os planos do francês. Em 1985 Senna foi correr na equipe Lotus. No dia 21 / 4 ,no circuito do Estoril em Portugal, Ayrton largava em sua primeira pole position na Fórmula 1 e, mais uma vez debaixo de chuva, deu um show, obtendo a primeira das 41 vitórias de sua carreira. Neste ano Senna conseguiria mais 5 poles e uma vitória (sob chuva) na Bélgica. Após esta vitória, começou a ser chamado pela imprensa de "Rei da Chuva". No ano seguinte, ainda na equipe do carro preto e dourado, Senna já caía nas graças da torcida brasileira com o segundo lugar no grid e na corrida, fazendo dobradinha com o vencedor da prova Nélson Piquet. Foram mais duas vitórias, cada uma com sua particularidade. A primeira, na Espanha a 13 / 4 , Senna superou Mansell por míseros 14 milésimos de segundo, a segunda menor diferença já registrada até hoje. A segunda vitória da temporada veio em Detroit, a 22 / 6 . No dia anterior o Brasil havia sido eliminado da Copa do México pela França. Em segundo e terceiro chegaram os franceses Jacques Laffite e Alain Prost, o que provocou em Senna um sentimento de vingança. Para mostrar seu orgulho de ser brasileiro, Ayrton fez pela primeira vez a volta da vitória empunhando a bandeira do Brasil, gesto que repetiria por mais 37 vezes em sua carreira. Foram, neste ano, mais 8 poles. O ano de 1987 prometia mais para Senna, já que a Lotus vinha com motor Honda e o novo patrocínio da Camel. Mas os resultados decepcionaram. Foram duas vitórias e apenas uma pole. Em 31 / 5 Senna venceu pela primeira das 6 vezes o GP de Mônaco. Mal acostumado com tantas vitórias antes de chegar à Fórmula 1, quando as máquinas eram praticamente iguais e só o talento prevalecia, Ayrton começava a ficar insatisfeito com seus carros. No final de 87 ele assinou contrato com a McLaren Honda, onde seria companheiro do então bicampeão Alain Prost. O sonho de vencer o GP Brasil nunca esteve tão perto, mas Senna acabou desclassificado da prova por ter trocado de carro após um acidente na largada. Após um início difícil de temporada, Ayrton acabou fazendo valer sua maior determinação e conquistou seu primeiro título mundial ao conseguir 8 vitórias e 13 pole positions, um recorde até então. A conquista veio com a maior atuação de sua carreira (segundo ele próprio, melhor até que no Brasil em 91), no GP do Japão em 30 / 10 . Ayrton largava na pole mas deixou seu carro morrer. Como a reta dos boxes fica em descida no circuito de Suzuka, ele fez a McLaren pegar no tranco. Acabou fazendo a primeira curva em 14° lugar, mas já passava em 8° ao final da primeira volta. Na 16¦ passagem já estava em 3°, numa recuperação impressionante que mostrava o quando era importante para ele aquela vitória e o título. Ao abrirem a 27° volta, Senna, mesmo sendo fechado, passou por Alain Prost e assumiu a liderança, levando seu carro até a vitória para delírio dos torcedores japoneses. A dupla Senna-Prost correria novamente pela McLaren em 89, mas este seria o pior ano para Ayrton na Fórmula 1. Pior não no resultado (foi 2° no Mundial), mas na briga com os cartolas, em especial o francês Jean-Marie Balestre. Senna fez 13 poles e conseguiu 6 vitórias, mas chegou às 2 últimas etapas precisando da vitória. Na penúltima corrida Prost largou melhor mas Senna o alcançou na 47¦ volta, na chicane antes da reta dos boxes em Suzuka. Prost jogou sua McLaren em cima de Ayrton provocando a batida. Mesmo assim, Senna voltou empurrado pelos fiscais, completou a volta sem o aerofólio, parou nos boxes, ultrapassou Alessandro Nannini no ponto onde Prost o fechara e venceu a prova, mas foi impedido pelo francês Balestre de subir ao pódio. Senna havia sido desclassificado sob a alegação de ter cortado a chicane por dentro (o que só poderia ocorrer se o carro estivesse em posição perigosa). Ora, se um carro está parado num ponto onde a desaceleração é de 305 para 80 km/h, como era o caso isto é uma situação de perigo. Balestre não interpretou assim e preferiu desclassificá-lo. A vitória ficou para o segundo colocado, Nannini, e o título para Prost. Na época, os computadores japoneses utilizaram as imagens feitas pelo helicóptero e analisaram as 47 vezes que Prost fez a curva da chicane. Na volta do acidente ele começou a virar 1 metro antes do que fizera nas primeiras 46, numa clara demonstração de que fechara Ayrton propositadamente. Senna ainda precisaria vencer a última corrida, mas aquele ficou conhecido como o final de temporada mais vergonhoso da Fórmula 1.
A CARREIRA NA FÓRMULA 1
Fórmula 1
1984: Toleman
1985-1987: Lotus
1988-1993: McLaren
Em 1992, Senna estava determinado a vencer apesar do desânimo na McLaren com as Williams FW14B, o melhor carro da temporada. Senna chegou até a cogitar correr na fórmula Indy. O novo carro da McLaren, o modelo MP4-7A, para a temporada, tinha diversas falhas.
Houve um atraso em fazer o novo carro (ele estreou na terceira corrida, no GP do Brasil) além da carência de confiabilidade da suspensão ativa, que deixava o carro imprevisível nas curvas rápidas, enquanto os motores Honda V12 não eram os mais potentes. Senna venceu em Mônaco, Hungria e Itália naquele ano, e acabou o campeonato num modesto quarto lugar perdendo o terceiro para Michael Schumacher na última corrida.
Senna demorou muito a decidir o que fazer em 1993 e chegou ao final do ano sem ser contratado por nenhuma equipe. Ele sentiu que os carros da McLaren não seriam competitivos, especialmente depois que a Honda resolveu se retirar da F1 no final de 1992, e não poderia ir para a Williams enquanto Prost estivesse por lá, pois o contrato dele proibia a equipe de ter Senna como seu parceiro.
Ron Dennis, chefe da McLaren, estava tentando assegurar um fornecimento de motores Renault V10 para 1993. Com a recusa da Renault, a McLaren foi obrigada a pegar os motores Ford V8 como um cliente comum. Dessa forma, a McLaren recebeu versões de motores mais velhas do que os clientes preferenciais da Ford, como a Benetton, e tentou compensar essa deficiência de potência com mais tecnologia e sofisticação, inclusive um sistema efetivo de suspensão ativa. Dennis finalmente persuadiu Senna a voltar para a McLaren, mas o brasileiro concordou somente em assinar para a primeira corrida da temporada, na África do Sul, onde ele iria verificar se os carros da McLaren eram competitivos o bastante para lhe proporcionar uma boa temporada.
Senna concluiu que esse novo carro tinha um surpreendente potencial mas ainda estava abaixo da potência, e não seria páreo para a Williams-Renault de Prost. Senna decidiu não assinar por uma temporada e sim por cada corrida a ser disputada. Eventualmente ele poderia permanecer por um ano, apesar de que algumas fontes afirmarem que isso foi mais um jogo de marketing entre Dennis e Senna.
Depois de terminar em segundo na corrida de abertura da temporada na África do Sul, Senna ganhou os GPs do Brasil e da Europa, na chuva. Esta última é freqüentemente lembrada como sendo uma de suas maiores vitórias na F1. Ele largou em quarto e caiu para quinto na primeira curva, mas já estava liderando antes da primeira volta ser completada. Alguns pilotos precisaram de sete pit stops para trocar os pneus de chuva/lisos dependendo das mudanças climáticas ao longo da corrida. Senna foi segundo na Espanha e quebrou o recorde de seis vitórias em Mônaco, o que lhe fez jus ao antigo apelido de Graham Hill: Mister Mônaco. Depois de Mônaco, a sexta corrida da temporada, Senna liderou o campeonato à frente da Williams-Renault de Prost e da Benetton de Michael Schumacher, apesar da inferioridade dos motores da McLaren. A cada corrida, as Williams de Prost e Damon Hill mostravam a superioridade, com Prost caminhando para o campeonato enquanto Hill mantinha os segundos lugares. Senna concluiu a temporada e sua carreira na McLaren com duas vitórias (no Japão e Austrália) e ficou com a segunda colocação na classificação geral. A penúltima corrida da temporada foi marcada por um incidente entre Eddie Irvine e Senna, iniciado numa manobra de Irvine. O brasileiro, inflamado, foi aos boxes da equipe Jordan e socou o irlandês.
1994: Williams
Senna já havia tentado entrar para a Williams em 1993, mas foi impedido por Prost, que vetou seu nome. Senna se ofereceu para pilotar por nada, pois seu desejo era fazer parte da vencedora equipe Williams-Renault, mas foi impedido por uma cláusula no contrato[carece de fontes] do francês que impedia o brasileiro de entrar para a equipe. Porém, essa cláusula não se estenderia até 1994, o que fez Prost se retirar das corridas um ano antes de vencer seu contrato, preferindo isso a ter seu principal rival como companheiro de equipe. Em 1994, Senna finalmente assinou com a equipe Williams-Renault.
Senna agora estava na equipe que havia ganho os dois campeonatos anteriores com um veículo muito superior aos demais. Era natural que, na pré-temporada, ele fosse considerado o favorito ao título, acompanhado de Damon Hill, que deveria fazer o papel de coadjuvante. Prost, Senna e Hill haviam ganho todas as corridas exceto uma, vencida por Michael Schumacher.
A pré-temporada de testes mostrou que o carro era rápido mas difícil de dirigir. A FIA havia banido os sistemas eletrônicos, incluindo a suspensão ativa, o controle de tração e os freios ABS para fazer o esporte mais "humano". A Williams não se mostrou um carro equilibrado no início da temporada. O próprio Senna fez várias declarações que o carro era instável e desajeitado, indicando que o FW16, depois de perder a suspensão ativa, os ABS e o controle de tração, entre outras coisas, já não oferecia a mesma superioridade mostrada pelos FW15C e FW14B dos anos anteriores. Apesar de menor potência, a equipe Benetton pilotada por Schumacher apontou como maior rival.
Senna pegando uma "carona" no carro de Mansell, que comemorava a vitória no GP da Inglaterra em Silverstone de 1991.
A primeira corrida da temporada 1994 foi no Brasil, disputado em Interlagos, quando Senna fez a pole. Na corrida, Senna assumiu a ponta, mas Schumacher com a Benetton tomou a liderança depois de passar Senna nos boxes. Senna, determinado a vencer no Brasil, errou e rodou na curva da Junção e ficou encalhado na zebra, abandonando a prova.
A segunda prova foi no Grande Prêmio do Pacífico, disputado em Aida, no Japão, onde Senna novamente ganhou a pole. Porém Senna envolveu-se numa colisão já na primeira curva. Ele foi tocado atrás por Mika Häkkinen e sua corrida acabou definitivamente quando a Ferrari de Nicola Larini também bateu na sua Williams. Seu companheiro de equipe, Damon Hill, terminou em segundo enquanto Schumacher venceu novamente.
Este foi o seu pior início de temporada de F1, falhando por não terminar e em não pontuar nas duas primeiras corridas, apesar de ter sido pole em ambas. Schumacher com sua Benetton estavam liderando o campeonato com vinte pontos de diferença para Senna, que estava com zero.
Luca Di Montezemolo, diretor da Ferrari naquela ocasião, informou que Senna veio até ele na quinta-feira anterior à prova de Ímola e elogiou a Ferrari pela batalha contra os eletrônicos na F1. Senna disse também que ele gostaria de encerrar sua carreira correndo pela Ferrari
O acidente fatal em Ímola
Na terceira corrida da temporada, o GP de San Marino, em Ímola, Senna declarou que esta deveria ser a corrida de início da temporada para ele, pois não havia terminado as anteriores e agora faltavam apenas catorze corridas. Senna mais uma vez conquistou a pole, mas o fim de semana não seria tão fácil. Ele estava particularmente preocupado com dois eventos. Um deles, na sexta-feira, durante a sessão de qualificação da tarde, um novato protegido de Senna e também brasileiro, Rubens Barrichello, envolveu-se num grave acidente em que perdeu o controle de sua Jordan, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando-se violentamente contra uma barreira de pneus.
Felizmente, Barrichello saiu desse acidente com pequenas escoriações e o nariz quebrado, ferimento suficiente para impedí-lo de correr no domingo. Senna visitou seu amigo no hospital - ele pulou o muro depois que foi impedido de visitá-lo pelos médicos - e ficou convencido de que as normas de segurança deveriam ser revisadas.
Mudanças feitas no autódromo Enzo e Dino Ferrari depois dos acidentes de 1994
O segundo ocorreu no sábado, durante os treinos livres quando o austríaco Roland Ratzenberger, correndo pela Simtek, bateu violentamente na curva Villeneuve num acidente que começou a se formar na fatídica curva Tamburello, quando a asa dianteira de seu carro se soltou fazendo-o perder o controle do veículo. Levado ao Hospital Maggiore de Bolonha, ele faleceu minutos depois. Essa foi a primeira morte de um piloto na pista em dez anos - desde que a FIA adotara sérias medidas de segurança - e a primeira que Senna presenciou na Fórmula 1. Essa tragédia reforçou as preocupações de Senna com segurança, levando-o até mesmo a reconsiderar sua permanência no esporte. Senna resolveu visitar o local do acidente para ver ele mesmo o que poderia ter acontecido e essa ousadia lhe custou mais uma advertência e algum desgaste na sua atribulada relação com a FIA.
Senna passou o final da manhã reunido com outros pilotos, determinado a recriar a antiga Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de melhorar a segurança na F1. Como um dos pilotos mais velhos, ele se ofereceu para liderar esses esforços.
Apesar de tudo, Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J.J. Lehto deixou morrer sua Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Porém Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de Lehto, o que levou o safety car à pista por cinco voltas.
Na sétima volta a corrida foi reiniciada, e Senna rapidamente fez a terceira melhor volta da corrida, seguido por Schumacher. Senna iniciara o que seria a sua última volta; ele entrou na curva Tamburello e perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. A telemetria mostrou que Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu, nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de cerca de 300 km/h (195 mph) para cerca de 200 km/h (135 mph). Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a gravidade, só puderam esperar a equipe médica. Por um momento a cabeça de Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral. Senna foi removido de seu carro pelo Professor Sidney Watkins, neurocirurgião de renome mundial pertencente aos quadros da Comissão Médica e de Segurança da Fórmula 1 e chefe da equipe médica da corrida, e recebeu os primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído, antes de ser levado de helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha onde, poucas horas depois, foi declarado morto.
Mais tarde o Professor Watkins declarou:
As Investigações sobre os acidentes
De acordo com a perícia, Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção do seu Williams. O documento sugere que houve negligência dos técnicos da equipe numa reparação feita na coluna de direção. Em novembro de 1996, a denúncia do promotor Maurizio Passarini foi acolhida pelo juiz Diego Di Marco. Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, Federico Bondinelli (um dos responsáveis pela empresa que administrava o autódromo de Ímola), Giorgio Poggi (o responsável pela pista), Roland Bruinseraed (o director da prova), e o mecânico que soldou a coluna de direcção do Williams foram indiciados por homicídio culposo, por negligência e imprudência. Porém, em dezembro de 1997, o juiz Antonio Constanzo absolveu os acusados.
Em 2004, um documentário de televisão da National Geographic chamado "A morte de Ayrton Senna" foi transmitido para o mundo inteiro. O programa considerou os dados disponíveis do carro do Senna para reconstituir a seqüência de eventos que o conduziu ao acidente fatal. O programa concluiu que longo período que o safety-car permaneceu na pista fez reduzir as pressões nos pneus de Senna, abaixando o carro. Com o carro mais baixo, o chassi tocou o solo fazendo o carro saltar tornando a direção incontrolável. Senna teria reagido mas, com os pneus travados, ele foi arremessado para fora da curva. O programa concluiu que se as reações do piloto tivessem sido mais lentas, ele talvez poderia ter sobrevivido. Pilotos e especialistas em Formula 1 excluem parte dessa teoria como improvável, pois os pneus de Formula 1 se aquecem até a temperatura ideal depois de percorrer apenas 2km, meia volta no circuito de San Marino, assim na volta 7 os pneus do carro de Senna já estariam aquecidos.
As discussões
Senna tinha 34 anos quando morreu. Sua morte aconteceu primariamente por um impacto inesperado da roda com o muro que fez o pneu estourar e a uma velocidade incrível, o pneu estourado com a roda voou a cerca de 208 Km/h atingindo o capacete verde e amarelo na fronte, acima do olho direito. O impacto foi tão forte que a roda voou quase 60 metros e o carro de Senna ainda voltou para a pista. Feitos os calculos da quantidade de movimento de uma roda de 17kg e a força proveniente do impacto, concluiu-se que ela seria insuportável e o resultado esperado seria que o cérebro tivesse danos extensos e parte dele vindo praticamente se "liquefazer", mas o capacete de Senna suportou boa parte do impacto. O capacete de Senna mostrou uma quebra com grande afundamento acima da viseira, o que assustou todos com a violência do impacto, obviamente insuportável para qualquer ser vivo.
Tanto a FIA como as autoridades italianas mantém a versão de que Senna não morreu instantaneamente, e sim no hospital, para onde ele foi levado rapidamente de helicóptero. Existe uma interminável discussão entre as autoridades a esse respeito.
Ainda se discute porque Senna não foi declarado morto na pista. Especula-se que isso se deve à lei italiana que diz que quando uma pessoa morre em um evento desportivo, essa morte deve ser investigada, fazendo com que o evento seja cancelado. O diretor do instituto legal de medicina do Porto (Portugal), o professor José Eduardo Pinto da Costa, informa o seguinte:
NÚMEROS
Item |
Numeros |
Poles |
65 |
Melhores Voltas |
23 |
Podiums |
80 |
1º lugar |
41 |
2º lugar |
23 |
3º lugar |
16 |
Pontos |
610 |
Titulos |
3 |
Quilometragem |
13706 |
Vitorias ponta á ponta |
19 |
Em verde, os recordes que ainda não foram batidos.
Lista das 41 vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1
1985 - Equipe Lotus
- 21/04 - GP de Portugal, circuito do Estoril
- 15/09 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
1986 - Equipe Lotus
- 13/04 - GP da Espanha, circuito de Jerez de la Frontera
- 22/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
1987 - Equipe Lotus
- 31/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
- 21/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
1988 - Equipe McLaren
- 01/05 - GP de San Marino, circuito de Ímola
- 12/06 - GP do Canadá, circuito Gilles Villeneuve
- 19/06 - GP dos EUA, circuito de Detroit
- 10/07 - GP da Inglaterra, circuito de Silverstone
- 24/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
- 07/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
- 28/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
- 30/10 - GP do Japão, circuito de Suzuka
1989 - Equipe McLaren
- 23/04 - GP de San Marino, circuito de Ímola
- 07/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
- 28/05 - GP do México, circuito Hermanos Rodriguez
- 30/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
- 27/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
- 01/10 - GP da Espanha,circuito de Jerez de la Frontera
1990 - Equipe McLaren
- 11/03 - GP dos EUA, circuito de Phoenix
- 27/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
- 10/06 - GP do Canadá, circuito Gilles Villeneuve
- 27/07 - GP da Alemanha, circuito de Hockenheim
- 26/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
- 09/09 - GP da Itália, circuito de Monza
1991 - Equipe McLaren
- 10/03 - GP dos EUA, circuito de Phoenix
- 24/03 - GP do Brasil, circuito de Interlagos
- 28/04 - GP de San Marino, circuito de Ímola
- 12/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
- 11/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
- 25/08 - GP da Bélgica, circuito de Spa-Francorchamps
- 03/11 - GP da Austrália, circuito de Adelaide
1992 - Equipe McLaren
- 31/05 - GP do Mónaco, circuito de Monte Carlo
- 16/08 - GP da Hungria, circuito de Hungaroring
- 13/09 - GP da Itália, circuito de Monza
1993 - Equipe McLaren
- 28/03 - GP do Brasil, circuito de Interlagos
- 11/04 - GP da Europa, circuito de Donington Park
- 23/05 - GP de Mônaco, circuito de Monte Carlo
- 25/10 - GP do Japão, circuito de Suzuka
- 08/11 - GP da Austrália, circuito de Adelaide